Sidney Pinho Junior

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

ESPORTE, REMÉDIO PARA TODOS OS MALES (2)

Parte 2 – Fórmula 1, paixão, fascínio e decepção...

Eu já residia em São Paulo e corriam os anos setenta, mais precisamente o ano de 1978 e, pela primeiríssima vez o GP Brasil saía de Interlagos para ser corrido em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro e, certamente aquela temporada ficaria marcada em minha memória, não só pelo fato de ter sido disputada em minha terra natal, mas sobretudo por que acabaria sendo o ano de despedida e morte de José Carlos Pace da fórmula 1. Um acidente aéreo na Serra da Cantareira em Mairiporã , SP, no dia 18 de março, um sábado, treze dias após sua última corrida na F1, no GP da África do Sul, nós, os apaixonados pelo automobilismo perdemos o “Moco”, como era conhecido este grande piloto brasileiro.

A morte de Pace abalou a torcida brasileira que depositava nele todas as esperanças de termos novamente os dias de glória de Emerson Fittipaldi que, completamente entregue ao projeto de sua equipe, a única equipe brasileira de F1 que, com o apoio da “Copersucar” surgiu em 1975 comandada inicialmente por Wilsinho Fittipaldi, seu irmão e que naquele ano de 1978 tinha como único piloto o próprio Emerson, não tinha qualquer condição de disputar o título. As dificuldades financeiras da equipe brasileira e o insucesso nas pistas não lhe garantiam sobrevida. Ficamos órfãos, milhões de torcedores brasileiros que, como eu acreditava e sonhava com o talento do Moco.

Mas quem gosta de automobilismo, quem é apaixonado por Fórmula 1 não desiste e logo elege um preferido e, naquele ano meu eleito passaria a ser o sueco Ronnie Peterson que havia se transferido Tyrrell que correu na temporada anterior com o lendário modelo de seis rodas, o “P 34” e, de volta para a Lotus do “mago” Colin Chapman juntou-se ao talentoso piloto francês Jean-Pierre Jarrier e ao ítalo-americano Mário Andretti que viria a se sagrar campeão ao fim daquela temporada memorável.

As emoções não seriam poucas naquele distante 1978. Ronnie Peterson se acidentaria gravemente momentos após a largada do GP da Itália e viria a falecer no hospital no dia seguinte. Mais uma vez eu estava órfão, sem ter para quem torcer, sem rumo e “sem piloto”!

E foi justamente após a morte de Peterson que eu passei a reparar um novo talento que nascia e que traria para nós, brasileiros amantes da fórmula 1, os dias de glória de volta. Nelson Piquet, um carioca como eu, filho de Ministro de Estado e residente em Brasília e que havia estreado na categoria três corridas antes, com um “carro alugado”, um “Ensign” (acreditem, um carro bem pior que os atuais Virgin, Hispania e Lotus desta temporada de 2010), assombrava a concorrência com seu ímpeto e técnica e, claro, um talento como aquele não passaria despercebido de nenhum chefão da categoria e, no ano seguinte Nelson Piquet já dava trabalho e confirmava seu grande talento.

Ainda em 1978 Nelsinho correria pela Brabham, equipe do astuto e atual dono da F1 Bernie Eclestone que, farejando o sucesso que aquele novato brasileiro traria para sua equipe, lhe concedeu um carro para finalizar a temporada de 78, dividindo as atenções da equipe com dois grandes campeões que lá estavam; Niki Lauda e John Watson.

A temporada de 1979 prometia muito para nós brasileiros. A equipe Fittipaldi trazia mais uma promessa brasileira, Alex Dias Ribeiro que, ao lado de Emerson Fittipaldi apresentava uma equipe mais estruturada e que prometia crescimento no decorrer do ano.

Mas 1979 era o ano para nós torcedores descobrirmos Nelson Piquet que correndo com um carro Brabham diferente do de Lauda que tinha motor V12 Alfa Romeo enquanto o dele era um velho e cansado motor Ford Cosworth V8, bem menos potente e também muito menos confiável, não poderia acontecer outra coisa que não as seguidas quebras, fazendo com que Nelsinho pontuasse em apenas uma corrida, na Holanda.

Mas o caminho de Piquet estava pavimentado. Enquanto seus motores não quebravam deixando-o sempre pelo caminho, Piquet dava aula de pilotagem, de talento, de ultrapassagens geniais e arriscadas. Estava consolidado seu talento e os brasileiros enfim podiam deixar Emerson em paz, pois já tínhamos para quem torcer novamente.

Nos anos seguintes sempre em grande crescimento, tornou-se campeão pela Brabham em 1981 e Bi-campeão na mesma Brabham em 1983 com motor BMW. Tricampeão em 1987 com Williams Honda e, só não chegando ao “tetra” e ao “penta” por conta de politicagens que, na Williams era praticada por Patrick Head em favor do “feio” Nigel Mansell, o preferido do chefe que ocupava o lugar de Frank Williams, vitimado por um acidente automobilístico e ainda em recuperação.

Amanhã continuaremos, no próximo post, contarei todas as histórias que marcaram o talento de Nelson Piquet, para mim o maior e melhor piloto brasileiro de todos os tempos, muito melhor que Senna e mais arrojado e talentoso que Emerson.

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